19 de setembro de 2009

BOOOM! Entrevista: Rockz

Pra quem disse que o roquenrou morreu, ta aí uma prova que ele só sofreu mitose, e que uma de suas caras é dançante. E se o assunto é dançar ao som de guitarras vibrantes, o assunto é Rockz. Com shows performáticos e músicos multiuso, a banda conquistou seu espaço nos últimos anos. Após lançarem o cd "A Tão Sonhada Bicicleta", nosso convidado do BOOOM! é o Daniel Martins, baixista e tecladista com quem batemos um papo. Confiram a entrevista:

B!M: Apesar da expansão da cultura independente na mídia, você acha que ainda falta veiculação nos meios de comunicação para as bandas que estão fora do mercado comercial?

Daniel: Não acho que falta veiculação, falta uma organização. A internet facilitou demais a divulgação de qualquer banda, mas, como sempre, aparece quem tem apoio, dinheiro, patrocínio... Vide Mallu Magalhães. Apareceu com a propaganda da Vivo, entre outras coisas, além de claro, fazer programa da Globo, etc. Vale lembrar que o pai da Mallu é sócio de um marketeiro. Agora esse lance de mercado comercial também mudou muito. Tudo mudou muito rápido de uns dez anos pra cá. As bandas hoje têm que já chegar cuidando de tudo: se auto gerir, fazer os clipes, figurinos, cenários, além de gravar e compor.


B!M: Verdade. Não basta mais ser só músico. Tem que ser diretor, produtor, empresário. Mas por exemplo, os incentivos financeiros, como o projeto de remuneração por download do Tramavirtual levam os músicos a produzirem trabalhos de mais qualidade visando maior retorno e reconhecimento ou o mais importante ainda é o lançamento do álbum físico?

Daniel: O mais importante é descobrir um mote, um factóide pra tentar uma exposição maior. Volto com o exemplo da Mallu. Factóide Mallu: uma pirralha que finge ser intelectual e mongol ao mesmo tempo, esse contra-senso já gera discussão. Tem uma boa voz, mas ainda é muito nova. Dizem que ela bombou no MySpace, mas ela já tinha um convênio com o MySpace, e pra terminar, pelo menos por enquanto, namora o Camelo. Rolou um upgrade, pois antes ela namorava o cara do Vanguart. Pronto, tahí um trabalho cheio de factóides. Gera discussão! Acho que esse lance de fazer trabalho visando mais qualidade é muito relativo. Quem tem talento, tem. Quem não tem, não tem. Visar retorno normalmente a gente sempre visa, mas não existe fórmula do sucesso. Quer dizer, existem atalhos. Veja o Cansei de Ser Sexy. Era tosco, muito tosco, e hoje em dia os caras moram lá na gringa, com um som de primeira.


B!M: Além do Rockz, você também tocava com a Benflos e na banda do Lobão. Dá pra conciliar todos os ensaios e turnês ou existe alguma prioridade?

Daniel: Bem, hoje em dia a Benflos não existe mais, e o Lobão mora em Sampa e mal faz shows, ou seja, eu e o Pedro não tocamos mais com ele. Mas sim, deu pra conciliar e ainda dá, pois eu toco com outras pessoas. Na Rockz somos realmente músicos, então se pinta um trabalho com artistas ou bandas, a gente acaba topando, é diferente de uma banda com designers, jornalistas, etc.


B!M: Há algum interesse em assinar contrato com alguma gravadora ou a banda continuará produzindo de forma independente?

Daniel: Gravadora hoje em dia é só um carimbo que pode abrir portas pra uns programas da Globo, por exemplo. Mas nem sempre é necessário, e muita gente se fode com gravadora também, pois botam o disco na geladeira. Outro exemplo: seu disco passa a custar uns 30 contos na loja. Quem vai comprar? E a própria banda tem que pagar pra levar seus discos. O ideal pra Rockz é ter empresário investindo, não gravadora.


B!M: O primeiro disco, de 2008, foi gravado ainda com o Diogo Brandão, que saiu da banda pouco tempo depois pra ser ator. Desde então, quem assumiu os vocais foi o Gabriel Muzak, que antes ficava só responsável pela guitarra. Isso afetou, além da formação, o funcionamento interno da banda e os shows?

Daniel: Não, só temos um boneco a menos pra ajudar, porém fica mais fácil pra irmos todos num carro só. Ou barateia os custos da banda, afinal somos 4, e não 5.


B!M: Não chegaram a pensar em colocar outro boneco?

Daniel: Não! Preferimos de quatro (sem trocadilho, por favor).


B!M: Qual foi a importância do mundo virtual pra ascensão da banda?

Daniel: A facilidade de chegar nas pessoas, mas não é só o mundo virtual, são todas as tecnologias e manias da sociedade de hoje, mp3 players, celulares, etc.


B!M: Já aconteceu algum absurdo ou bizarrice que entrou pra história da banda?

Daniel: Porra, não to lembrando de bizarrice nenhuma, assim, algo pra contar pros meus netos.


B!M: As trajetórias e experiências dos integrantes, por terem passado por bandas conhecidas, como o Planet Hemp, ajudam de alguma forma?

Daniel: Mas é claro! Uma coisa que rola é a nossa rede de contatos. Como a gente já tocou com uma galera, e com isso já viajamos, fica mais fácil articular eventos, programas, etc.


B!M: E como foi abrir pro Mudhoney?

Daniel: Foi divertido, tocar no Circo Voador já é sempre muito bom, lá rola uma mística do rock. Sempre vi grandes shows lá, e fiz também grandes shows. Abrindo pr’uma banda clássica então... Mas já vou avisando que não troquei idéias com eles, porque não falo inglês.


B!M: Com o último álbum “A Tão Sonhada Bicicleta” recém-lançado, quais são os planos da Rockz agora?

Daniel: A paz mundial.


B!M: Quais bandas você acha que têm chamado atenção no cenário independente?

Daniel: Eu gosto do Seychelles (SP), monno (BH). A gente fez há pouco o programa ‘Experimente’, do Edgard, que ainda vai passar no início de outubro, com a banda Bazar Pamplona, que também é de SP, gosto deles também.

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